Pedro, das viúvas e pescadores
representante deste mês que no Nordeste é pródigo em fé e forró. São Pedro, que de apóstolo de Cristo virou padroeiro das viúvas e dos pescadores. Quando era criança, aprendi que na noite de São Pedro – comemora-se em 28 de junho, pois seu dia é o 29 – apenas viúvas ou órfãos deveriam acender fogueira na porta de casa. Uma das minhas tias acendia a fogueira em memória de minha avó. Aqui em Salvador, a festa de São Pedro tem mais cunho religioso, com procissão e missas no dia 29, do que propriamente festivo, mas existe uma tradição de guerra de espadas na região do subúrbio ferroviário da cidade, onde nasci. No interior, principalmente na região metropolitana e recôncavo baiano, também acontece festa com forró, fogueiras nas portas das viúvas e o perigoso desafio das espadas incandescentes. Mas, quem era Pedro e por que ele é considerado padroeiro dos pescadores, das viúvas e primeiro papa da igreja católica?
UM PESCADOR, CASADO, DA GALILÉIA
O nome dele era Simão. Segundo a tradição bíblica, depois atestada por historiadores, ele nasceu em 1 a.C, em Betsaida, na Galiléia, e morreu em 67 d.C, em Roma. Seu túmulo, e isso também já foi atestado por arqueólogos, está sob a basílica de São Pedro, no Vaticano. Sua profissão era pescador e, segundo o evangelho de São Mateus, era casado e responsável pelo sustento da sogra viúva, que aliás recebeu uma graça de Jesus, sendo curada de uma enfermidade. Foi Jesus, quando o conheceu durante uma pregação em Cafarnaum, que trocou seu nome para Pedro. E foi Pedro, cujo significado do nome é pedra, quem fundou o cristianismo, que evoluiu para o catolicismo que conhecemos hoje, daí ser considerado o primeiro papa da igreja.
O mar da Galileia, que na verdade era um grande lago, testemunhou alguns dos milagres de Jesus, tomando por base os textos bíblicos. Caminhar sobre as águas é um dos mais famosos. Quando conheceu o pescador Simão, Jesus também teria feito um desses prodígios. As redes dos pescadores voltavam vazias após dias e dias de trabalho, mas quando Jesus indicou um certo local onde as redes deveriam ser jogadas, voltaram tão cheias de peixes que quase arrebentam. Esses milagres teriam convencido Simão e seu irmão André, além dos sócios dos dois, Tiago e João, a seguirem Jesus. Para isso, ele deixou para trás a família e o antigo nome, passando a viver a partir daí como o apóstolo Pedro. Tornou-se, segundo os evangelhos, um pescador de almas.
DE TRAIDOR A MÁRTIR
Pela tradição bíblica, Pedro teria negado Cristo três vezes, quando Jesus foi preso e conduzido à cruxificação. A atitude do apóstolo inclusive, foi prevista pelo próprio Jesus na última ceia. Perseguidos após a morte de Jesus, os apóstolos teriam se espalhado por vários locais, para continuar pregando “a boa nova”. Pedro viajou para Antioquia, Jerusalém e finalmente chegou a Roma. Os evangelhos e outros textos bíblicos reconhecidos pela igreja, o colocam sempre em posição de destaque entre os apóstolos e também no papel de articulador e organizador da igreja nas suas origens.
No entanto, historiadores como Heinrich Dressel, em 1872, afirmam que Pedro nunca esteve em Roma e teria morrido em Alexandria, no Egito. Essa teoria porém, foi refutada quando o túmulo de Pedro foi localizado em Roma, em 1950. Já os evangelhos apócrifos, aqueles que não são reconhecidos pela igreja, tem uma visão menos glamourosa de Pedro e o colocam como um dos apóstolos de menos fé e ciumento pela predileção de Jesus por outros discípulos. Na ficção, a escritora norte-americana Margaret George, autora do romance Maria Madalena – A Mulher que amou Jesus, bebe na fonte dos evangelhos apócrifos para descrever um Pedro que em nada lembra o mártir católico.
Pela tradição evangélica, Pedro teria sido preso em Roma, por volta de 67 d.C, quando o cristianismo ainda era uma religião perseguida pelo império romano, e condenado à cruxificação. O apóstolo então teria dito que não era digno de morrer como seu mestre Jesus Cristo e por isso, pediu para ser cruxificado de cabeça para baixo.
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