quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Lidando com o luto

Elaborar o luto é viver os sentimentos tais como eles são
“A morte como perda nos fala, em primeiro lugar, de um vínculo que se rompe de forma irreversível, sobretudo quando ocorre perda real e concreta. Nesta representação de morte estão envolvidas duas pessoas: uma que é ‘perdida’ e a outra que lamenta esta falta, um pedaço de si que se foi. O outro é em parte internalizado nas memórias e lembranças. A morte como perda evoca sentimentos fortes, pode ser então chamada de ‘morte sentimento’ e é vivida por todos nós. É impossível um ser humano que nunca tenha vivido uma perda. Ela é vivida conscientemente, por isso é, muitas vezes, mais temida do que a própria morte. Como esta última não pode ser vivida concretamente, a única morte é a perda, quer concreta, quer simbólica” (KOVACS, 1992).
É interessante avaliar o medo da morte como algo cultural, construído na forma como fomos criados, pois tocamos naquilo que é desconhecido, que um dia viveremos, mas não sabemos quando nem como. Falo de tudo isto, pois saber lidar com a morte é, na verdade, saber lidar com perdas diárias, mesmo que pequenas.
Estes sentimentos são similares, porque se perde o envolvimento afetivo e todas as conquistas que podem ser obtidas por meio daquele vínculo que se perdeu, como, por exemplo, o carinho, uma posição de destaque, o reconhecimento, a proximidade, a troca e tantos outros sentimentos e situações que deixam de ocorrer com a perda.
Elaborar o luto é viver os sentimentos tais como eles são: com choro, com reservas, com necessidade de falar; lidar com a raiva, o desapontamento e todas as formas com as quais a pessoa consiga manifestar, a seu tempo, tudo aquilo que sente. Pessoas de confiança e proximidade são muito importantes neste tempo, mas devem deixar que a pessoa também se manifeste. Frases como: “não chore, não seja fraco, ele não gostaria de te ver chorando” nem sempre ajudam, uma vez que a forma de manifestar a dor, em cada um de nós, é diferente. Como percebemos, viver o luto é um processo que, passo a passo, vai sendo superado. Em datas comemorativas – aniversário, Natal, Dia dos Pais, dentre outras, a pessoa será lembrada e os sentimentos em cada fase serão os mais variados. Apenas quando os sintomas negativos forem persistentes e duradouros demais, podemos pensar que a superação desta perda e suas etapas não foram bem vividas, tanto no mundo externo quanto interno da pessoa.
Se esses sintomas forem fortemente repetitivos, quando se aproximam essas datas este é um forte sinal de que a pessoa não está vivendo corretamente as etapas necessárias para a sua superação, tanto em seu mundo externo, quanto, principalmente, em seu mundo interno.
Em tudo, lembramos ainda que o conforto espiritual é muito importante e até mesmo diferencial em todas as situações que vivemos, especialmente no luto, pois a fé também é o alimento que nos sustenta nesta caminhada sem aquela pessoa que tanto amamos e de quem tanto sentimos falta. Sentir e vivenciar este processo doloroso é essencial para este momento de superação, ou seja, lembrar o que foi bom, perdoar as mágoas, não se culpar por aquilo que eventualmente não tenha feito pela pessoa que se foi e acima de tudo, viver esta dor partilhando com alguém, sem medo de chorar e colocar para fora o que sente e, desta forma, podendo superar esta etapa de vida.

Elaine Ribeiro
psicologia01@cancaonova.com
Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

“Sob o olhar materno da Senhora Aparecida, Padroeira do nosso Brasil, creio ser muito oportuno convidá-los para uma atenta reflexão…”

Publicado por: Thiago Maia


Sob o olhar materno da Senhora Aparecida, Padroeira do nosso Brasil, creio ser muito oportuno convidá-los para uma atenta reflexão, neste mês de outubro, mês do Rosário, conforme nossa tradição católica, e à luz dos Mistérios do Senhor Jesus, sobre a fundamental dimensão missionária que caracteriza a Igreja Católica.
Acostumamo-nos, no passado, a considerar “missão” um assunto fora do nosso espaço local, algo a ver com situações de outros países, como África, Ásia, etc. Esta posição bastante cômoda, dispensava-nos de olhar a nossa própria realidade como Igreja de Cristo, já que, para nós, ela estava bem implantada em nosso país.
Fatores múltiplos inerentes ao processo de desenvolvimento sócio-econômico-cultural irromperam rapidamente, nos últimos tempos, especialmente após o Concílio Vaticano II despertando-nos para a urgente dimensão missionária do nosso ser.
Na conferência de Aparecida, em maio de 2007, o Santo Padre Bento XVI confirmou, com sua bênção, as intuições muito fortes resultantes dos trabalhos da Conferência. Assim, lemos com fé e muita emoção, estas palavras da Introdução ao Documento de Aparecida: “A igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Ela não pode fechar-se frente àqueles que só vêem confusão, perigos e ameaças ou àqueles que pretendem cobrir a variedade e complexidade das situações com uma capa de ideologias gastas ou de agressões irresponsáveis. Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários. Isto não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos que encarnem essa tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários de seu Reino, protagonistas de uma vida nova para uma América Latina que deseja reconhecer-se com a luz e a força do Espírito.” (DA. Intr.n.11)
Neste mês das missões, cala profundamente em nosso coração a interpelação que nos dirige o Senhor Jesus através deste trecho da introdução ao Documento de Aparecida. Não somos apenas convidados a uma revisão do nosso agir evangelizador, mas somos instados energicamente, pelo Senhor Jesus, a examinar nossa vida cristã, para ver se de fato já somos “estes homens e mulheres novos” de que fala o texto citado, e se realmente sinalizamos no nosso modo de ser e de agir, como católicos, a radical experiência do encontro pessoal e comunitário com o Senhor Jesus. O ardor missionário não pode germinar em um coração frio, que se contenta com uma religiosidade superficial, até mesmo sincrética, na condução de sua vida cotidiana.
Somente um coração “novo”, abrasado de amor e de paixão por Jesus Cristo é capaz de derrubar as muralhas de seu pequeno mundo pessoal ou familiar, para abraçar a Obra da conquista de tantos e tantas para o caminho do Reino de Amor, de Justiça e de Paz!
Somente um coração apaixonado pelo Senhor, fruto de uma experiência marcante da Pessoa Divina deste mesmo Senhor, pode atirar se à luta pela conquista da nossa Juventude para Cristo, assim como maravilhosamente fez Bento XVI indo ao encontro da Juventude Mundial em Madri, para falar-lhes, com coração de Pai e amigo, sobre Jesus Cristo e seu amor divino por todos nós.
A própria celebração do Dia Nacional da Juventude – DNJ, no final deste mês, deverá ser um momento de forte experiência deste encontro com Jesus Cristo, com a corajosa proposta, feita com ardor missionário, aos nossos jovens, de um novo modo de ser e de construir a sociedade e a Mundo a partir dos valores do Evangelho.
Cabe a nós, pastores, em nossa Arquidiocese, a responsabilidade bem grande de testemunhar uma vida de homens “embriagados” pelo Amor de Jesus Cristo, que tudo deixaram para se consagrar inteiramente a Ele e capazes, por isso mesmo, de todo e qualquer sacrifício para que Ele seja acolhido em todos os corações, especialmente nos corações de nossos jovens e no seio de nossas famílias.
Que a intercessão materna da Santíssima Virgem do Rosário nos ajude a sermos cada vez mais autênticos discípulos missionários do Senhor Jesus, na sua Igreja.

+ Dom Fr. Alano Maria Pena OP
Arcebispo Metropolitano de Niterói

terça-feira, 1 de novembro de 2011

missa dos 50 anos de Dom Alano Oficial

A Palavra meditada hoje está no Salmo 6


"No momento que tropeçamos e caímos num pecado, o coração de Deus se enche de misericórdia e compaixão, porque quer nos levantar", nos consola Márcio"

Foto: Wesley Almeida
 
Esta passagem bíblica recai sobre os nossos corações para nos dizer que se cairmos não devemos perder a paz do nosso coração. Não devemos perder a confiança no Senhor, porque Ele quer nos manter perto para nos fazer homem e mulher fortes.
Cada queda que evitamos diminui os males sobre nós. A vontade de Deus é que fiquemos firmes, pois Ele não nos abandona quando caímos. É quando lutamos para evitar a queda que mais precisamos de Deus.
No momento que tropeçamos e caímos num pecado, o coração do Senhor se enche de misericórdia e compaixão, porque quer nos levantar. No momento de um erro, fracasso ou de um pecado é quando menos merecemos o amor de Deus, mas é quando mais precisamos ser amados por Ele. Então, não podemos desanimar e perder a confiança, mas nos voltar ao Pai pela oração e fazer do Salmo 6 as nossas palavras de oração.
A ira e a indignação de Deus nascem de certos pecados que cometemos, portanto, não recaem sobre nós, mas sobre nossos pecados. O Senhor quer destituir o mal da nossa vida, mas nunca nos destruir junto com esse mal.
Muitas vezes, deixamos o Senhor muito nervoso pelos pecados ou más atitudes que cometemos, mas Sua ira não se volta contra nós. Assim como um pai que quer afastar o filho das más companhias, das drogas, de algo que está lhe fazendo mal, assim Deus quer fazer conosco para nos afastar de todo mal que recai sobre nós e nos prejudica.
O Pai se ira com os males que nos prejudicam e entram em nosso coração por meio das decisões e atitudes que tomamos. Mas Ele é paciente conosco, nos compreende e têm compaixão de nós. Deus espera por nós.
Meu irmão, se você cair novamente, levante-se, pois o mais importante é o ato de você se levantar. É preciso que você se levante agora e não queira ficar nessa situação. Deus vai lhe dar toda a proteção e todo o amor. Com o amor, do Senhor você se restabelece para levantar. Então, queira se levantar e se despedir de tudo o que é ruim.
Deus é paciente e sempre nos dá uma nova chance. Nós podemos ter dificuldade de nos dar uma nova chance, mas, a cada dia, Ele as renova e nos dá uma oportunidade inteiramente nova para fazer tudo diferente.
O pecado elimina a nossa confiança em Deus e nos faz esvaziar de Sua graça, que é tão abundante em nossa vida. Quando deixamos o mal nos atingir é o momento que mais precisamos clamar a Deus e nos voltar a Ele em oração, porque Ele é nosso refugio e socorro.
Devemos romper com o pecado e deixar todo o resto nas mãos de Deus.

Márcio Mendes
Missionário da Comunidade Canção Nova
Transcrição e adaptação: Rita Bueno